Esse amor nasceu inesperadamente. Eu ainda não estava 100% preparado para vinda da Sophia...

Nas palavras de Padre Fábio de Melo: “Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Presta atenção. São miúdos, mas constantes. ”

Eu estava olhando para essa foto e me questionei, será que as pessoas sabem quando nasce o amor?

Dizem que ele é construído no dia a dia. Mas, não! Ele é fortalecido no dia a dia. Esse amor nasceu inesperadamente. Eu ainda não estava 100% preparado para vinda da Sophia, e então aconteceu.

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Início de 2019.

Pelotão de Força Tática de São Paulo, 23 horas de sexta-feira à noite.

Encerro meu plantão.

Jéssica estava com familiares em um restaurante, comemorando o aniversário do seu irmão. Cheguei no restaurante, e logo minha sogra veio ao meu encontro, me abraçou e começou a chorar. Na hora não entendi nada, achei que ela estivesse emocionada pelo aniversário do outro filho.

Já a Jéssica estava super feliz, com um sorriso muito diferente, diferente de outros momentos. Tinha algo nele, uma luz irradiante, que a deixava ainda mais linda. Então ela me disse: “Flávio, eu preciso muito falar com você”. Eu logo questionei, preocupado com o que tinha acontecido, afinal, a gente ia casar em novembro daquele ano, estava tudo certo. Tudo organizado.

Eu logo falei: Fala Xuxu, fala logo, você sabe que eu não gosto dessas coisas, eu sou muito ansioso e quero saber o que é.

Mas ela me disse que em casa a gente conversava, e me pediu para ficar e aproveitar um pouco o aniversário do irmão. Foi o que eu fiz.

Fiquei um pouco por lá, e depois de um tempo fui para casa. Jessica parecia estar dormindo, e eu não queria acordá-la. Fui escovar os dentes e me preparei para dormir. Quando eu ia deitar, ela me disse, “Amor, pega ali, um pacote”. Peguei e entreguei para ela. Era um presente. Ela abriu e disse, é para você.

Era um pacote branco, estilo envelope, uma sacolinha de papel cartão. Quando eu abri, tinha outra caixa, e dentro dela tinha um teste.

Teste de gravidez com resultado positivo.

Ela começou a chorar e me disse, “Parabéns, você vai ser pai, você tanto queria ser pai. Parabéns papai. ”

Ali eu comecei a entender o choro da minha sogra e o sorriso da minha noiva.

Eu fiquei sem voz, estarrecido, e ao mesmo tempo, muito emocionado. Muito feliz. Eu chorei. A gente se abraçou. Fizemos amor, como todo casal apaixonado e feliz.

***

Nos conectamos ainda mais nesse período, de uma forma inexplicável. Estávamos tão felizes. Viajamos durante a gravidez, acompanhamos cada momento, antecipamos o casamento.

Mas eu não estava preparado, não naquele dia em que recebi a notícia. Não estava preparado para a notícia, para ser pai, para a vinda da Sophia. Assim como não estava preparado para a partida da Jessica.

Na verdade, hoje eu sei que não existe momento certo, hora exata. Nem sempre vamos estar preparados.

Mas, mesmo assim, precisamos ser firmes para o que virá com os dias que seguirão. As vezes a vida só dá uma alternativa para gente. Ser forte.

Ser forte por nós e por quem amamos.

E o amor pela Sophia que tem despertado isso em mim.

Esse amor preenche o peito. Foge dos limites da vida humana. Vira doação. Faz a gente querer ser exemplo, se tornar quem nunca tivemos perto da gente. Esse amor fortalece.

Transformou a vida de um pai que já teve muitas dificuldades para cuidar de um bebê prematuro. Eram, e ainda são, tantas requisições médicas, e a presença do medo dela partir como a mãe.

Na UTI Neonatal, não fui apenas uma visita. Eu era parte do tratamento dela. Ela era parte do meu. Muitas pessoas achavam que eu estava dando força para Sophia, na verdade era ela quem dava força para mim. E então me dei conta que ela lutava pela vida dela, e por isso eu precisava cuidar da minha, ficar pleno todos os dias, para ela me sentir perto dela.

A Sophia lutava, mesmo com as tantas dificuldades vindas junto com a prematuridade. Mas ela sentia que o pai ia ficar bem e perto dela, ela sentia que podia vencer tudo, e hoje ela é uma criança plena.

Quantas requisições ainda nos aguardam? Não sabemos. A única certeza que nós dois temos é que Deus coloca pontes em nossa jornada, quando nos falta o chão, e assim nos leva de volta ao nosso caminho.

A dor não pode ser maior que a superação.

Valorize cada detalhe do seu dia.

Um abraço e fique com Deus,

Tenente Bahia e Pirulita